30 de julho de 2010

Público não pode cair na traiçoeira avaliação dos números e deve cobrar cada vez mais qualidade:


Já foi o tempo em que a qualidade artística era o principal fator de avaliação de um programa da televisão. Desde que a guerra pela audiência se acirrou e mais emissoras passaram a disputar os anunciantes, números são os únicos parâmetros vistos pelos executivos da televisão. Uma novela é sucesso somente se atingir a meta, atingir o patamar do horário ou ganhar destaque nas capas de revistas especializadas. A qualidade do texto ou belas interpretações acabam fora do foco quando a trama entra em avaliação nas longas reuniões dos executivos da TV. Parece que não vale a pena criar algo novo ou achar a emoção perfeita de uma história. Um telejornal só é considerado sucesso se as janelas comerciais estão preenchidas por anúncios ou, no caso dos popularescos, quando a audiência dispara assim como a bala que mata mais um paulistano. Pouco importam a credibilidade, o ideal jornalístico e a satisfação de ajudar a mudar o país através de uma reportagem ética e bem feita.
Números, números, números … Metas, faturamento, ultrapassar a concorrência, manter a liderança. Números, números, números…
É triste ver no que se transformou a televisão que o telespectador não vê. Nos bastidores a única preocupação é com a audiência e o pior é que esta visão está contaminando o público, que muitas vezes repete discursos numéricos sem saber seu verdadeiro significado. Novelas já não registram as mesmas audiências na Globo porque há uma maior concorrência, inclusive da TV a cabo e da internet. Além disso, os mais jovens são interessados em dramaturgia mais curta, que não precise prendê-los por muito tempo. O desafio agora é unir linguagens e modernizar a arte de contar uma história.
E se for pensar somente em números, a audiência bruta não vale mais nada. É preciso olhar para o share (participação de público) de cada programa. Quer ver como a coisa muda? Na última quinta-feira, 29 de julho, “Passione” registrou 34 pontos de média. Pouco? Não. Em seu horário, a novela de Silvio de Abreu ficou com 52% do público que estava à frente da TV. Na mesma faixa, a Record atingiu 18% e o SBT 10%. Olhando assim é possível analisar de uma outra maneira. Portanto, é fundamental que pelo menos o telespectador não se preocupe com os números, avalie seu programa apenas pela qualidade e deixe de lado as bandeirolas dessa ou daquela empresa.

Fonte: Parabólica JP.
Texto: José Armando Vannucci.
Foto: Parabólica JP.

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