29 de julho de 2010

Discussão Diferente


Olá! Tudo bem com vocês?

O texto que segue foi escrito no primeiro ano de graduação deste que vos escreve. espero que gostem!

Intolerância histórica

A intolerância é um sentimento que sempre acompanhou o ser humano e sempre o acompanhará. É o ato de impor uma única verdade e combater as divergentes. Temos registros históricos de atos de intolerância, como a morte de Sócrates na Grécia antiga.
Sempre houve o conflito entre filosofia e a tradição. Esta defende os costumes: de família, sociais, religiosos e estatais; não permitindo grandes mudanças em sua essência. Enquanto a primeira defende a razão como fonte do saber, um termômetro para as mudanças e reformas quando necessárias, e expondo o valor incalculável da sabedoria em conjunto gerando várias opiniões e discussões em prol do avanço.
A intolerância dos costumes se prolongou por toda a Idade Antiga e grande parte da Idade Média. Maquiavel foi o iniciador do pensamento moderno. Junto com a Renascença e proteção dos Médici a busca pela filosofia foi intensificada.
No campo do direito, a primeira lei da tolerância foi assinada na Inglaterra em 1689. John Locke, grande pensador iluminista, é também dessa época em que se buscava a liberdade como verdade.
Como contraponto temos recentemente atos de intolerância, como o nazismo alemão e o Stalinismo soviético, segundo a história.
Pois a tolerância como virtude, é um domínio moral que, para ser aplicada são necessárias: escolhas, critérios para essas escolhas e princípios. Somos livres para escolhermos se seremos tolerantes ou não, qual critério de escolha usaremos, para quais situações devemos ser tolerantes e os princípios dessas atitudes. Princípios de saber as diferenças ( natureza individual) e a liberdade que todos temos direito.

Intolerância Lingüística

Há uma diversidade infinita de linguagens. Seja ela de país para país, de região para região, de estado para estado ou de cidade para cidade. Mas nem sempre há tolerância com essa diversidade podendo ocorrer uma intolerância com o sotaque, com a cultura expressada na fala, os costumes religiosos expressos com interjeições, resquícios de comunidades fechadas no vocabulário; enfim, há a intolerância racial, religioso, cultural, regional, sexual e social para com quem fala.
A língua é uma forma de poder, tornando-se assim manipuladora com o restante da população. O português brasileiro foi formado não somente pelos portugueses e por imigrantes europeus; sim, (como esquece a grande elite nacional) com grande porcentagem da língua negra africana e do extinto tupi-guarani. A elite dominadora da língua culta usa-a como forma de controlar o restante da população por meio da língua.
Há diversas formas de se lidar com a linguagem “diferente”. Ou se exclui de vez a diferente vertente cultural; ou se assimila, aceita; porém não incorpora termos de seu uso diário; e por último, se agrega (o que foi feito com o português brasileiro, que possui termos de muitas outras línguas).
A tolerância deve existir não por fraqueza e sim por oposição à intolerância. Fraqueza sim! Pois é a indiferença sobre o que é divergente; indiferença ao expor o descontentamento; isso se torna uma intolerância falsa, não possuidora de valores morais e de princípios. Deve existir a tolerância consciente, entender e aceitar por meio do princípio de divergência cultural e social sem preconceitos de que espécie for.

São Paulo, 30 de Março de 2005.

Para ilustrar o texto acima, o poema de Augusto dos anjos é perfeito. E mais embaixo, a tradução do poema, feita por Nelson Ascher.

VERSOS ÍNTIMOS

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão — esta pantera —
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!

INTIMATE VERSES

No one attended, as you 've seen, your last
Chimera's awe-inspiring funeral.
Ingratitude — that panther — has been all
Your company, but it has been steadfast!

Get used to mud: soon it will hold you fast!
Man living among wild beasts on this foul
And sordid earth cannot resist the call
To turn himself as well into a beast.

Here, take a match. Now light your cigarette!
A kiss is but the eve of being spat,
A stroking hand, my friend, may stone you too.

If your great wound still saddens anyone,
Cast at that vile hand stroking you a stone,
Spit straight into the mouth that kisses you!

Eis o recado.

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