31 de janeiro de 2011
É preciso cuidado para misturar jornalismo e entretenimento nos programas de auditório:
Os limites do jornalismo e entretenimento ainda serão assunto de muitas discussões nos bastidores da televisão e entre os telespectadores. E esse tema voltou ao foco depois que o “Programa do Gugu” esteve no centro de um briga sobre o estado de saúde de Shaolin. O humorista, que sofreu um acidente automobilístico na Paraíba, continua internato em estado grave no Hospital das Clínicas. No último domingo, ao vivo, com base em depoimentos, conversas telefônicas e alguns documentos, a repórter Bruna Drews falou que, mesmo com a diminuição dos medicamentos, Shaolin não responde aos estímulos do médico e que a esposa do humorista estava à base de sedativos. A informação foi contestada minutos depois no Twitter pela mulher de Shaolin e rebatida pelo diretor do “Programa do Gugu”, Homero Salles. Começou então uma briga virtual com direito a muitas opiniões, textos e desabafos até de quem não estava envolvido com o episódio. Depois de alguns tweets, Homero Salles assumiu a responsabilidade de todas as informações veiculadas no programa que dirige e garantiu que a repórter fez uma longa apuração da notícia.
O fato é que este episódio colocou em evidência a mistura de jornalismo e entretenimento, algo que deve ser feito com muita cautela. Notícia precisa ser apurada, checada e, em casos como este, com citação de fontes. Aliás, é o caso da entrevista ao vivo para que não ocorra edição e nenhuma acusação de manipulação de falas. Também deve ser medido o tom da narração e é fundamental que o sensacionalismo fique de lado, afinal estão em jogo os sentimentos de familiares e a esperança de quem torce por Shaolin. Quando o circo pegou fogo, a repórter foi chamada ao palco com todas as provas de sua apuração, mas o estrago já era inevitável, mesmo que numa pequena dimensão. Nesta história há muito mais do que apuração de notícias. Estão em jogo interesses, preocupações, números e amizades. Também aparecem medo, fragilidade e esperança. Tudo isso no bastidor, muito longe do olhar do telespectador.
Que a infeliz (principalmente pelo tom e falta de alguns elementos na notícia) reportagem sobre Shaolin sirva de lição para todos os envolvidos no caso e também para quem acompanhou de longe.
Fonte: Parabólica JP.
Texto: José Armando Vannucci.(Editado)
Foto: Reprodução/Record.
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