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No capítulo anterior...
Um estranho não tira os olhos de Beija
É João Carneiro de Mendonça, um amigo de infância
Os dois se reconhecem e conversam longamente
O Visconde de Perdizes pede para falar com Beija
CAP. 45
BEIJA: Me dê licença um instante, volto logo.
JOÃO: À vontade, Beija, mas volte mesmo...
O rapaz sorve um último gole de vinho enquanto os dois caminham até um outro canto reservado.
PERDIZES: Beija, minha querida, ainda não será desta vez que conhecerá o Príncipe.
BEIJA (surpresa): Não? Por quê?
PERDIZES: Alegou compromissos particulares para não vir ao baile do marquês, mas alguém me deu notícia dele numa taverna*, na bebedeira com serviçais e mulheres da vida.
BEIJA: E sua alteza é dada a esse tipo de aventura?
PERDIZES: Por incrível que pareça, sim. Dom Pedro é um homem do povo, adora se meter no meio da multidão e se sentir um deles...
BEIJA: Verdade? Imaginava um homem que vivesse num pedestal de ouro, afinal de contas é o herdeiro de um trono...
PERDIZES: Engano seu. Ele adora as noitadas e as farras em companhia de seus guardas e outros serviçais do palácio. Gosta de beber cachaça barata e se deitar com as mulheres da vida...
BEIJA: Estou cada vez mais ansiosa para conhecer Dom Pedro, creio que seja um homem surpreendente.
PERDIZES: Esteja certa disso...
O Visconde percebe que João os observa com um ar impaciente.
PERDIZES: E o rapagão, quem é?
BEIJA: É João Carneiro de Mendonça, um amigo de infância, do Arraial de São Domingos dos Arachás. Fomos criados juntos, freqüentamos o catecismo. Depois veio estudar no Rio e nos separamos.
PERDIZES: Parece ansioso com a sua ausência, não pára de olhar pra cá...
BEIJA: Temos muita coisa para conversar, para contar um ao outro... Melhor irmos ao seu encontro.
Desapontada com mais uma ausência do Príncipe, Beija resolve ir embora.
JOÃO: Posso acompanhá-la até sua casa?
Continua amanhã...
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* Taverna é como era chamados os botecos e biroscas na época.
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