No capítulo anterior...
O Visconde de Perdizes ignora os escravos
Mas muda completamente de atitude com a presença de Beija
Ela adquire um belo sobrado na Rua do Ouvidor
Chega o Natal e Beija não conhece praticamente ninguém na cidade
Para não ficar sozinha, convida as escravas para cear com ela.
CAP. 41
BEIJA: Como dizia meu avô, Natal é uma noite muito especial. Vamos celebrar o nascimento de Jesus. Noite de muita paz, amor e harmonia...
FLAVIANA: A Sinhá se pensa muito do Sinhô João, num é?
BEIJA (relembrando): Sim. Ele me levava à Missa do Galo, mesmo sabendo que dormiria a missa toda, mas dizia que eu precisava crescer nos bons costumes... Depois minha mãe servia a ceia e comíamos só nós três, felizes... Muito felizes...
SEVERINA: Pena que aqui a gente não conheça ninguém...
BEIJA: É normal que ainda não tenhamos grandes amigos aqui, afinal de contas acabamos de chegar. Mas estejam certas de uma coisa: um dia ainda vou ter essa cidade aos meus pés...
As três ceiam e conversam num clima bastante amistoso. Falam de suas famílias, dos Natais passados, dos sonhos de paz, saúde e prosperidade. Beija faz questão de dar a maior atenção às escravas e as trata como se fossem convidadas ilustres, deixando-as pouco à vontade no papel de visitas.
Na dia seguinte, durante o café da manhã...
SEVERINA: Sinhá, o que faremos com aquele tanto de comida que sobrou da ceia de ontem?
BEIJA: Bem lembrado. Me chame Moisés e Josué que tenho um servicinho pra eles.
Pouco depois os escravos adentram o recinto.
BEIJA: Quero que dêem uma volta aí pela cidade e procurem por pessoas pobres, aleijados, mendigos, negros, brancos e os convidem para vir aqui em casa na hora do almoço.
JOSUÉ: Mais o que essa gente vem fazê aqui, Sinhá?
BEIJA: Quero servir um almoço de Natal para todos eles. E vocês não me apareçam aqui com menos de vinte ou trinta pessoas, certo?
MOISÉS: Nhá sim.
Por volta das doze horas Moisés e Josué retornam com mais de duas dezenas de pessoas humildes e maltrapilhas. Beija os recebe, com atenção, nos jardins do sobrado. Severina e Flaviana começam a fazer os pratos e a distribuir para os convidados, que vão se acomodando como podem.
Em pleno almoço o Visconde de Perdizes se posta no portão, tão admirado que pergunta para si mesmo.
PERDIZES: Meu Deus! O quê está acontecendo aqui?
Continua amanhã...
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