25 de dezembro de 2009

ENCONTRO DO SÉCULO - Cap 41

No capítulo anterior...

O Visconde de Perdizes ignora os escravos

Mas muda completamente de atitude com a presença de Beija

Ela adquire um belo sobrado na Rua do Ouvidor

Chega o Natal e Beija não conhece praticamente ninguém na cidade

Para não ficar sozinha, convida as escravas para cear com ela.


CAP. 41


BEIJA: Como dizia meu avô, Natal é uma noite muito especial. Vamos celebrar o nascimento de Jesus. Noite de muita paz, amor e harmonia...

FLAVIANA: A Sinhá se pensa muito do Sinhô João, num é?

BEIJA (relembrando): Sim. Ele me levava à Missa do Galo, mesmo sabendo que dormiria a missa toda, mas dizia que eu precisava crescer nos bons costumes... Depois minha mãe servia a ceia e comíamos só nós três, felizes... Muito felizes...

SEVERINA: Pena que aqui a gente não conheça ninguém...

BEIJA: É normal que ainda não tenhamos grandes amigos aqui, afinal de contas acabamos de chegar. Mas estejam certas de uma coisa: um dia ainda vou ter essa cidade aos meus pés...


As três ceiam e conversam num clima bastante amistoso. Falam de suas famílias, dos Natais passados, dos sonhos de paz, saúde e prosperidade. Beija faz questão de dar a maior atenção às escravas e as trata como se fossem convidadas ilustres, deixando-as pouco à vontade no papel de visitas.


Na dia seguinte, durante o café da manhã...


SEVERINA: Sinhá, o que faremos com aquele tanto de comida que sobrou da ceia de ontem?

BEIJA: Bem lembrado. Me chame Moisés e Josué que tenho um servicinho pra eles.


Pouco depois os escravos adentram o recinto.


BEIJA: Quero que dêem uma volta aí pela cidade e procurem por pessoas pobres, aleijados, mendigos, negros, brancos e os convidem para vir aqui em casa na hora do almoço.

JOSUÉ: Mais o que essa gente vem fazê aqui, Sinhá?

BEIJA: Quero servir um almoço de Natal para todos eles. E vocês não me apareçam aqui com menos de vinte ou trinta pessoas, certo?

MOISÉS: Nhá sim.


Por volta das doze horas Moisés e Josué retornam com mais de duas dezenas de pessoas humildes e maltrapilhas. Beija os recebe, com atenção, nos jardins do sobrado. Severina e Flaviana começam a fazer os pratos e a distribuir para os convidados, que vão se acomodando como podem.


Em pleno almoço o Visconde de Perdizes se posta no portão, tão admirado que pergunta para si mesmo.


PERDIZES: Meu Deus! O quê está acontecendo aqui?


Continua amanhã...



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