25 de dezembro de 2009

Veja histórias de pessoas que encaram Natal como recomeço


Conheça duas pessoas com histórias inspiradoras de força de vontade e muito amor. São presentes de Natal para a vida inteira.

O que seria, assim, um presentão?

“Um carro zero”, diz um senhor.
“Se uma pessoa me desse uma televisão eu acharia tão bom”, comenta uma senhora.
Seja um sonho coletivo...
“Menos corrupção”, pede um homem.
Seja um desejo íntimo e pessoal.
“Gostaria que as duas filhas que eu criei voltassem para mim”, diz um pai.
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O fato é que as aspirações humanas estão em todas as listas de presentes. E se o Natal deste ano, mais uma vez, não trouxer aquele presente tantas vezes adiado? Pode ser que a vida esteja apenas esperando por 2010. No ano que vem, ao abrir um embrulho do destino, haverá quem encontre a imperdível oportunidade de um recomeço.

“Meu nome é Cristiane da Penha, estou presa já há dois anos, no tráfico de drogas. Eu cresci nesse mundo porque a minha mãe e o meu pai eram traficantes. Talvez a minha mãe tenha sido a minha maior professora, porque ela me ensinou exatamente o que eu não deveria fazer com os meus filhos”, conta a desempregada Cristiane da Penha.
Cristane criou quatro filhos. Todos estudando. Todos livres das drogas, mas sob o terror de uma vida dupla. “Colocava para dormir e ia vender droga de noite em outro lugar”, lembra.
Acabou no presídio e jamais imaginou que encontraria na prisão o melhor lugar do mundo. “Dentro de uma biblioteca eu me sinto igual a uma criança em uma loja de doces. Dá vontade de levar tudo”, admite.
Começou logo com os gênios da literatura: Machado de Assis e Dostoievski, um russo do qual ela nunca tinha ouvido falar. “Você passa a ler e a ver outras pessoas que viveram outros conflitos, outras histórias, em outros países, mas que é muito identificado com a sua vida”, comenta Cristiane da Penha.

Mesmo entre as grades do presídio feminino do Gama, nos arredores de Brasília, foi à Grécia Antiga para mudar de vida. A filosofia grega trouxe um vendaval de perguntas: “Por que eu estou aqui? Qual o meu compromisso com os meus filhos? Quando eu comecei a ler, eu entendi que tudo o que eu fazia era errado. O último ciclo é esse livro que eu estou escrevendo, porque ele fala tudo, da menina que nasceu no tráfico, da menina que vendia droga desde criança”.
Cristiane quer publicar o livro. Será dedicado aos filhos. Mas, no fundo, foi para a mãe que ela escreveu: “Não importa nada disso do que ela fez de bom ou ruim, eu sinto saudade. Esse é um lado meu nunca resolvido”.
Resolver pendências é meta para 2010, ano em que sairá da prisão: “Libertação e vitória. Estou livre do crime. Isso ninguém consegue entender, só eu. A primeira coisa que eu vou fazer quando colocar o pé na rua e sair daqui é beijar o chão da minha casa”.
O sagrado chão da casa. Existe melhor lugar para ser mãe? Para ser pai em 2010?
Ser pai, para mim, eu resumo em duas palavras: amor e responsabilidade, porque não existe mais ex-pai, ex-mãe. Depois que você assume o compromisso, é para o resto da vida”, diz o engenheiro Fábio Santana.
Um casal tentando aumentar a família. Uma filha única querendo um irmão.

“É chato não ter irmão, porque não tem ninguém para brincar”, lamenta Júlia, de 7 anos.
O bebê não vinha. E desejo de ter uma casa cheia aumentava cada vez mais. “Um dos grandes motivos que optamos pela adoção foi ter essa alegria, essa dinâmica diferente na vida, na família”, justifica o engenheiro Fábio Santana.
A primeira visita a um abrigo foi uma experiência inesquecível.

“Ela tinha uns três anos. Uma menina pequena ficava pedindo: me leva pra sua casa, deixa eu ir morar com você. Aí o coração fica apertado”, lembra Andressa Faria.
Só que a menina não estava disponível para adoção. O casal resolveu radicalizar: procurou a Justiça pedindo logo duas crianças de uma vez. De preferência que fossem irmãos.

“Já que é para fazer, vamos fazer o negócio bem feito”, brinca o engenheiro Fábio Santana.
O problema é que os irmãos que apareceram eram três, e não dois.
“Separar não vai ser legal. Então pensamos: onde come um, dois, comem três, quatro. E agora cinco”, conta o engenheiro Fábio Santana.
Isso mesmo. Cinco filhos: Júlia, seus três novos irmãos, e mais um que vem aí, porque assim que a Justiça autorizou a adoção, Andressa ficou sabendo que está grávida.
“Acho que Deus esperou só organizar a família para o quinto chegar”, comenta o engenheiro Fábio Santana.
Enquanto não sair a guarda definitiva, prevista para 2010, as três crianças, uma menina de 10 anos e dois meninos, um de 6 e outro de 12, não podem ser identificados. Mas pelo jeito com que o pessoal se entrosou, o risco de dar algo errado é mínimo.
“A gente brinca, briga, brinca, briga”, admite Júlia.
A saudável convivência entre irmãos provocou na casa da família Santana um turbilhão de emoções.
“Ela ficou feliz, assim como nós. Como o Fábio sempre usa o discurso de que era muito sozinho, quando éramos só nós três, a casa era muito silenciosa”, compara Andressa Faria.

“A vida tem um valor muito grande, e você, em uma tacada, receber quatro crianças dentro do nosso lar. Acho que é algo pra muita alegria, muita alegria mesmo”, completa o engenheiro Fábio Santana.

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