"Assunto: a busca da eterna juventude”, especial de fim de ano apresentado por Pedro Bial que vai ao ar esta noite, às 23h, na Globo News é resultado de um desejo antigo. Bial queria exercitar suas várias expertises como homem de televisão num só programa. O formato mistura reportagem, alguma dramatização, uma mesa redonda e divertissement de uma maneira leve. É jornalístico, mas não a ponto de cercar e tentar fechar questões. O tom é mais indagativo, sinalizador de tendências que ainda não caíram no mainstream. Um debate. A ideia foi fugir da televisão reiterativa sem, entretanto, inventar a pólvora.
— Não acredito em inovações, mas em renovações — explica Bial na entrevista, que aconteceu no Jardim Botânico do Rio. — Estou na televisão procurando isso. No caso de “A busca da eterna juventude”, minha ideia era botar minhoca na cabeça do público.
As tais minhocas já estavam na cabeça de Bial desde a década de 90, com a leitura voraz das obras de Darwin, de Stephen Jay Gould e de Richard Dawkings, entre outros evolucionistas. “Botar minhoca”, no caso do programa, foi ouvir cientistas respeitados que defendem por A + B que o ser humano poderá mil anos, basta querer. À medida em que o programa vai avançando, as dúvidas gritam e algumas certezas, mas só algumas, se instalam. “Assunto: a busca da eterna juventude” deu voz a, por exemplo, Aubrey de Grey, PHD do departamento de genética de Cambridge. Ele está convencido de que não haverá mais morte por velhice (o homem milenar já teria nascido segundo o cientista).
Na sequência, Bial aparece comandando uma mesa de debates com Radovan Borojevic, diretor do programa avançado de Biologia Celular Aplicada à medicina da UFRJ. Ao lado dele, o músico Jorge Mautner, a geneticista Lygia da Veiga Pereira, o biólogo Stevens Rehen, um dos pioneiros em estudos de células tronco no Brasil e a psicanalista Laura Machado, especializada em velhice.
Todos os cientistas convidados de “Assunto” têm trabalhos que envolvem tecnologia de ponta, mas não há devaneios ficcionais na linha professor Pardal.
— Quando pintou a ideia de fazer um programa sobre este tema — conta o diretor-geral Mauro Mendonça Filho — a gente achava que a vida eterna era uma possibilidade para um futuro distante. Descobrimos que não é. A medicina regenerativa já é uma realidade.
Entre os momentos especiais, estão uma visita à casa da cantora Elza Soares, septuagenária que mostra seu vigor na linha “força da natureza”, e apresenta o marido, Bruno Lucidi, na casa dos 20. Outro ponto alto é uma entrevista de Oscar Niemeyer, que rece- beu a equipe dias depois de ter deixado o hospital para retirar um tumor no intestino.
— Me senti agraciado com o fato de ele ter aceitado falar comigo — admite Bial, que ainda levou para casa uma pequena preciosidade: um samba feito por Niemeyer durante sua hospitalização. Caio, enfermeiro que o atendeu enquanto estava na UTI, aparecerá no programa cantando a composição.
A vontade de tentar um formato diferente começou com “É muita História”, série exibida no “Fantástico” em 2007 e também uma parceria com João Carrascosa, roteirista de “Assunto:”.
— Acho o envelhecimento um grande tema, descobri isso na época em que fiz o roteiro de “Os novos velhos”, série de Regina Casé no “Fantástico” — diz Carrascosa. — O mundo vai mudar porque vamos viver até os 100 anos.
Walter Carvalho, diretor de fotografia, trabalhou com uma câmera de alta definição. Para ele, “Assunto: a busca da eterna juventude” significou também um reencontro com Mauro Mendonça Filho, com quem trabalhou em 1989 na novela “Renascer”. E a alegria de estar envolvido num projeto que, segundo ele, “aponta para a possibilidade de a televisão sair de uma rotina repetitiva e cansativa em que mergulhou nos últimos anos”.
— Este programa faz uma discussão inteligente e Bial me impressionou por ser um repórter charmoso, dono de seu texto e senhor de suas ideias e com um carisma impressionante diante das câmeras.
Aos domingos nesta faixa, a Globo News fica em segundo lugar no ranking dos canais mais vistos da TV por assinatura entre o público acima de 25 anos das classes sociais AB. Mas, nos bastidores, a aposta é que justamente este carisma de Bial a que Walter Carvalho se refere carregue ainda o público conquistado por ele na TV aberta. Isto inclui até as crianças.
— Mostrei o programa para meus dois filhos, Theo, de 11 anos, e José, de 7, e eles compreenderam tudo com naturalidade e ainda disseram que “valeu por mil aulas de ciência da escola” — conta Bial.
“Assunto: a busca da eterna juventude” também é resultado de um enorme aprendizado feito ao longo de anos de “BBB”, com as massas:
— Aprecio o conforto da TV a cabo, que permite que você saiba para quem está falando. Mas também gosto de ser um pouco camaleão. Com “Assunto:” pretendemos pescar todo mundo da TV aberta também.
Bial se diz “nervoso” com a aproximação da décima edição do “BBB”, mas logo em seguida explica em tom tranquilizador: “é sempre assim. Depois que começa é bom, a equipe é maravilhosa”.
— Ninguém pode negar que os realities transformaram a TV. Tem reality nas novelas e nos documentários. O “BBB” é um marco na minha história pessoal. Farei uma edição por ano por um bom tempo se for o caso.
Vida longa e fôlego de sobra, afinal, também são isso aí.
Fonte: Patricia Kogut.
Foto: Patricia Kogut.
Nenhum comentário:
Postar um comentário