24 de dezembro de 2009

ENCONTRO DO SÉCULO - Cap 40

No capítulo anterior...

Beija resolve pernoitar na estrada antes de entrar no Rio de Janeiro

Patroa e escravos ficam deslumbrados com o tamanho da cidade

Eles procuram pelo Visconde de Perdizes

O nobre os recebe com indiferença


CAP. 40


Antes que a escrava responda, a patroa surge de trás de uma coluna do muro, surpreendendo o Visconde.


BEIJA: Sou eu quem o procuro, Ana Jacintha de São José, também conhecida como Beija. Venho da parte do Coronel Lourenço, de Vila Rica.

PERDIZES (mudando de atitude): Bem, se a senhorita vem da parte de meu grande amigo Lourenço, também pode ser considerada minha amiga. (beijando-lhe a mão) Seja bem vinda.

BEIJA: Coronel Lourenço fez muitas recomendações a seu respeito. Ele o tem na mais elevada estima.

PERDIZES: Vamos entrar, senhorita.


Beija conta de sua viagem e solicita o auxílio do Visconde para encontrar um imóvel à venda. O nobre faz questão de hospedá-la por alguns dias até que a transação da casa seja concluída.


Alguns dias depois, Beija adquire um belo sobrado na Rua do Ouvidor. Portas e janelas grandes, envidraçadas, com ampla vista da rua. Em pouco tempo toda a mobília do palacete de Paracatu é distribuída pela nova casa.


24 DE DEZEMBRO DE 1817


Beija caminha pela casa verificando a limpeza e a ornamentação natalina.


SEVERINA: A casa está arrumada, toda enfeitada, tudo conforme a Sinhá pediu.

BEIJA: Preciso que faça mais uma coisa.

SEVERINA: E o que é?

BEIJA: Prepare uma ceia caprichada, para muitas pessoas. Quero uma mesa bem farta e variada, de modos que não seja motivo de nenhuma reclamação.

SEVERINA: Mas Dona Beija, nós não temos um único convidado para a ceia de Natal...

BEIJA: Não importa. Faça o que estou mandando.


Próximo da meia-noite Beija adentra o salão de jantar e se admira com a bela ceia disposta sobre a mesa. Senta-se à cabeceira, mas os lugares vagos a incomodam. Pensa por alguns instantes, mas não se conforma...


BEIJA: Severina, Flaviana, sentem-se à mesa comigo.

SEVERINA (estranhando a atitude): mas, Sinhá...

BEIJA: Sentem-se. É uma ordem. (as duas obedecem e ficam olhando para a cara da patroa) Este é o primeiro Natal que passo sozinha. Mas estejam certas de uma coisa: será o primeiro e o último.


Continua amanhã...



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