5 de dezembro de 2009

Chuva paralisa São Paulo e deixa seis mortos


Os bombeiros vão retomar as buscas de manhã. O trabalho precisa ser feito com cuidado, porque ainda chove, o que deixa o solo encharcado.
A tempestade encurtou o dia. Às 16h, a chuva forte caía sobre São Paulo, que ficou em estado de atenção. Pouco tempo depois, a cidade já estava debaixo d’água. Voltar para casa se tornou inviável.
“Estou voltando para o escritório, vou trabalhar mais um pouquinho porque não tem condições de ir para casa", diz o coordenador de telecomunicações. Ednaldo Adão.
Em frente ao Parque do Ibirapuera, a água tomou os dois sentidos da via. No cruzamento das avenidas Rebouças e Brasil, alguns motoristas se arriscaram a atravessar a enchente. Os comerciantes da 25 de Março usaram baldes para impedir que a enxurrada invadisse as lojas. O índice de congestionamento passou de 200 quilômetros.
"Eu tinha que fazer entrega às 17h30, agora são quase 19h e eu estou aqui ainda, só telefonando para ver como é que está, ainda estou no trânsito, mas não tem jeito", comenta o entregador Everaldo Santos Andrade.
Não foram só os carros que pararam. A circulação de trens metropolitanos ficou prejudicada em duas linhas por causa de queda de energia e alagamento nos trilhos. Nas estações, passageiros retidos nas catracas protestaram. Água também na pista do aeroporto de Congonhas, que operou por instrumentos.
Às 20h, a chuva tinha parada, mas ainda era difícil voltar para casa. Na Rua Luis Carlos Berrini, nossa equipe demorou 20 minutos para percorrer 300 metros.
Os pontos de ônibus ficaram lotados até tarde da noite. Uma fila de passageiros se formou em um dos principais corredores de São Paulo. “O ônibus passa, mas ninguém consegue entrar”, conta a atendente Dineide Ferreira de Souza.
Quando a água baixou, os donos de carros que estavam estacionados na rua lamentaram o prejuízo. “A gente ri para não chorar. Ainda bem que tem seguro. Mas dói”, afirma o comunicólogo Fabiano Martins.
Em Itapecerica da Serra, na Região Metropolitana, a noite terminou com uma notícia trágica. Cinco crianças foram soterradas em um deslizamento de terra. Apenas uma se salvou. O resgate dos corpos das outras quatro vítimas só terminou no fim da noite.
“Eram minhas sobrinhas, mas eram como filhas para mim”, aponta o bombeiro e tio de duas vítimas Flávio Alves Batista.
Outro deslizamento, na zona leste da capital, também provocou a morte de um homem. Os bombeiros passaram a noite em busca de mais três pessoas desaparecidas: um casal e um adolescente.
Na madrugada, mais uma vítima da chuva. Em Mauá, na Grande São Paulo, um homem morreu soterrado. Foram quatro deslizamentos na cidade e oito pessoas ficaram feridas. Em um deles, dois adolescentes ajudaram a salvar os próprios pais.
A terra invadiu a casa de um cômodo, quando o casal e dois filhos adolescentes dormiam. Os dois jovens conseguiram sair sozinhos dos escombros, mas os pais ficaram presos.
Bombeiros que tinham acabado de prestar socorro a vítimas de outro deslizamento perto dali chegaram rapidamente. O pedreiro José Dionísio Pantaleão, de 39 anos, foi resgatado com um ferimento na cabeça. Os filhos ajudaram a carregar a maca. A mulher dele, Selma Ramos Ribeiro, chegou a ficar completamente soterrada e só foi retirada da lama depois de 30 minutos.
“Foi um momento de horror”, conta um dos filhos do casal.
“Nem sequer a máquina eles passam aqui. Só em tempo de eleição, para pedir voto. Depois da eleição, abandonam”, diz a vizinha Maria Salete Silva.
Em Santo André, na Grande São Paulo, um casal ficou preso na inundação. Outros motoristas ajudaram a empurrar o carro.
Ao todo, apenas nesta semana, 12 pessoas morreram no estado de São Paulo em consequência das tempestades e dos raios.

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