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AMANHÃ POR UM PEQUENO PROBLEMA HOJE, ESTREIA O PRIMEIRO EPISODIO DO QUADRO "HISTÓRIAS DE VIDA" VOCE NAO PODE PERDER.

HISTÓRIAS QUE O POVO CONTA.


Dando a Luz na Senzala.

A madrugada gelada se fazia presente na terra,a neblina
caminhava lentamente por entre as folhas das
árvores que cercávam a fazenda no instante em que
soávam gritos de dor vindos da senzala,rompendo assim
o silêncio encantado.A negra buchuda não continha sua
dor,que o diga sua blusa que ela arrancou de seu corpo
e colocou na sua boca para entre gritos e gemidos
ajudá-la.Era sobre o barro batido da senzala,que ela,uma
linda guerreia dava a luz,se contorcendo de tamanha
dor.Suas mãos calejadas,de unhas grossas e
extremamente grandes(tão grandes que abrigava
pequenos bichos da terra)logo encontrou a madeira que
servia de coluna para o telhado,e assim sendo,segurou a
madeira com tanta força,expressando sua dor,que dedos
e madeira pareciam unificados formando um só.A luz da
lua Cheia ,encontrando brechas pelo telhado de palha
entrou na senzala,iluminando o corpo contorcido e suado
da negra,a fazendo brilhar como um ser divino,o negro de
sua pele parecia ter elevado-se aos céus,contagiando-
se com a magia e pureza da lua.O suor escorria pelo seu
rosto misturado as lágrimas,descendo até o grosso de
seus lábios,enquanto sentia cada centímetro
ardidamente se rasgando para uma nova vida,sem ao
menos um ser vivente do seu lado,a não ser um pobre e
capenga cachorro ,dono de pulgas e feridas,presentes
da vida.O pobre parcia ser o único a querer
ajudar,lambendo os pés da negra,pois na casa
grande,mesmo sem conseguirem dormir com os
gritos,estavam os poderosos senhores do café.A negra
era tão guerreira,que não temia perder sua vida pela da
criança que vinha e se contorcendo de todas as
maneiras possíveis,com as pernas arreganhadas,de onde
vinha toda sua dor,ela conseguiu trazer sua criança ao
mundo no momento em que sentiu algo saindo de si,as
elevações e curvas da criança proporcionaram neste
momento maior dor a negra.E lá estavam,a negra ainda
inconsciente e sua criança banhada de sangue como
resultado de horas de nervosismo,aflição,sofrimento e
esperança.Foi quando,surgindo da neblina da madrugada
ele foi entrando senzala à dentro,o enviado dos senhores
do café(semeadores da escravidão)o capitão -do-mato
chegou,e num ato ladroeiro porém legal pegou a
criança que se não fosse normal,poderia-se dizer que
chorava prevendo seu destino.Lá foi ele,levando nos
braços,de qualquer maneira,o recém-nascido negrinho
que imediatamente foi vendido para outro branco
escravizador,continuando assim o injusto ciclo da
escravidão.À negra,restou a infelicidade e o amargor
de,no alvorecer,acordar com as dores do parto e não
encontrar o ser que saiu dolorosamente de seu ventre.



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