No capítulo anterior...
- Severina avisa Beija que um escravo quer lhe falar
- Bastião conta que Antonio Sampaio esteve rondando o arraial
- Motta dá falta de Beija e pressiona Severina
CAP. 5
Severina fica apurada com a pergunta do patrão, mas antes que diga algo, Beija desce as escadas e caminha na direção deles.
SEVERINA: Lá está ela, Sinhô...
MOTTA: Por onde andava Dona Beija?
BEIJA: Precisei subir aos meus aposentos para resolver um pequeno probleminha. Coisas de mulher, Senhor Ouvidor. Creio que compreenda.
MOTTA: Peço que não se afaste, pois logo serviremos o jantar...
BEIJA: Já estou aqui, não estou?
O ouvidor se afasta.
SEVERINA: Essa foi por pouco... Ele veio me perguntar e eu não sabia o que dizer...
BEIJA: Já passou... Fique tranquila. (ansiosa e feliz) Imagine você que o escravo veio me contar que Antonio esteve aqui em Paracatu à minha procura...
SEVERINA (incrédula): Veio? E como não ficamos sabendo?
BEIJA: Não sei, ainda não entendi... O escravo me disse que ficou quase uma semana na fazenda do Coronel Feliciano e que esteve nas cavalhadas, no mês passado...
SEVERINA: Mas se veio à sua procura, porque não se manifestou?
BEIJA: Sei lá, criatura de Deus! Mas uma coisa é fato: se veio à minha procura é porque ainda me ama. E isso muda tudo...
SEVERINA: A Sinhá fala de voltar para São Domingos dos Arachás?
BEIJA: É, Severina... Antonio é o amor da minha vida e se eu tiver que recomeçar a minha história com ele, não trocarei isso por nada, nem mesmo pelo Rio de Janeiro e a Corte...
SEVERINA: Não sei... Mas isso tá muito confuso... A Sinhá não tem garantia nenhuma desse amor do Sinhô Antonio... E se o Ouvidor anunciar hoje que pretende levar a Sinhá para a Corte, como será?
Beija fica pensativa.
No escritório Motta conversa com Martins Teles, seu substituto na Ouvidoria.
MOTTA: Parto em poucos dias e o palacete estará à sua disposição e de sua família.
MARTINS: Confesso que estou ansioso para assumir o cargo e também para viver nesta bela casa.
MOTTA: É, meu caro, mas se prepare... Administrar este enorme julgado não é tarefa das mais fáceis... Há uma parte elegante, da formalidade, do cerimonial, mas há a parte dura que é a política...
MARTINS: E o Ouvidor já sabe o que Dom João lhe reserva na Corte?
MOTTA: Ainda não, mas com certeza é algo melhor que a Ouvidoria... Aliás, qualquer coisa na Corte deve ser melhor que morar nesse fim de mundo... (risos)
MARTINS: E Dona Beija, seguirá para Corte também?
Nesse instante Beija adentra o recinto. Martins e Motta se entreolham apreensivos.
Continua amanhã...
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