Se o governo golpista de Honduras invadir a embaixada do Brasil em Tegucigalpa estará cometendo um ato de guerra e transformará em vítima o presidente deposto Manuel Zelaya, que está abrigado na sede da missão brasileira há uma semana junto com cerca de 60 militantes. A opinião é de Sérgio Gil Mendes, professor do curso de relações internacionais das Faculdades Integradas Rio Branco e doutor em ciêcia política pela Universidade de São Paulo (USP).
- Isso não existe, seria um fato inédito na história. Nenhum país pode retirar o status diplomático de uma embaixada. Invadir a embaixada brasileira seria uma declaração de guerra, seria o mesmo que invadir o território brasileiro.
Zelaya disse nesta segunda que teme que o governo ordene uma invasão da embaixada brasileira em Tegucigalpa nas próximas horas. Ele foi deposto por um golpe de Estado em 28 de junho e voltou escondido ao país para se refugiar na embaixada do Brasil. No domingo (27) o governo liderado por Roberto Micheletti ameaçou retirar o status diplomático da embaixada brasileira em dez dias, caso o país não defina o que fazer com Zelaya. Isso significa, na prática, que o edifício pode perder aos olhos dos golpistas a imunidade que é conferida às embaixadas, que são consideradas parte do território do país ao qual elas pertencem.
Para Mendes, a prisão de Zelaya em Honduras poderia, inclusive, detonar uma guerra civil no país.
- Se Zelaya for preso dentro de Honduras, existe o risco de haver uma rebelião que pode se transformar em uma guerra civil.
Para ele, o governo de Micheletti corre o risco de se isolar ainda mais diante da comunidade internacional se cometer esse ato "de desespero".
Brasil sairá derrotado de qualquer maneira
O professor critica a atuação do Brasil no caso e diz que o país sairá derrotado qualquer que seja o desfecho da história. Para ele, a atitude mais sensata neste momento seria conseguir com o governo golpista um salvo-conduto para retirar Zelaya da embaixada, ainda que isso represente um vexame diante do governo de Micheletti.
- Essa situação toda representa um risco para quem está lá dentro da embaixada e demonstra que o Brasil não conseguiu solucionar a crise. Se a invasão ocorrer, será desastre para a politica externa brasileira - diz Mendes, que acha improvável uma ação desse tipo.
Thomas Heye, coordenador do curso de relações internacionais da Universidade Federal Fluminense (UFF), vai na mesma linha. Ele acha que dificilmente o governo de Micheletti invadirá a embaixada brasileira e não vê mais espaço para negociação entre o governo golpista e Manuel Zelaya.
- Essa ameaça de retirar o status diplomático da embaixada do Brasil é uma bravata. Mas mesmo assim ela indica o quanto a tensão está aumentou no país.
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