2 de abril de 2010

‘Vai e vem’: mais convencional do que deveria:


Fazer um programa sobre sexo não é uma missão fácil. Na Globo há o “Amor & sexo”, bonitinho e até irreverente considerando as limitações da TV aberta. Mas elas são muitas. Para compensar, tem a Fernanda Lima, uma banda que é uma graça e Leo Jaime, sempre inspirado. O GNT exibe o “Falando de sexo com Sue Johanson”, um formato mais careta e comprometido com a boa informação. A apresentadora, uma senhora que poderia ser a sua tia do interior de Minas, é a maior expressão da intenção que rola ali: tratar do assunto com seriedade e sem tabus, quase como no consultório do ginecologista.
Já o “Vai e vem” de Preta Gil está mais para o consultório do analista, promete falar de fantasias. A apresentadora tem força, carisma e, se investir na profissão, tem futuro também. Futuro, aliás, é uma palavra-chave para este programa: há muitos ajustes a serem feitos. A primeira edição, em que ela recebeu o ator Bruno Gagliasso (foto acima) para falar de sexo virtual, não entusiasmou. É que a irreverência natural de Preta entrou em conflito com um convencionalismo que nem o cenário moderninho e muito caprichado conseguiu disfarçar.
“Vai e vem” peca pelos clichês. Isso se reflete no vocabulário (com direito a expressões como - eca - “apimentar a relação”) e em gracinhas como os botões do elevador onde a ação se passa (um é um seio, outro uma perereca e por aí vai). Estas obviedades são o ponto fraco da atração. E que ponto fraco. Mas há qualidades além do talento da apresentadora. Uma delas é ter informação: no caso desta edição, mostrou como trabalha uma stripper e garota de programa que faz sexo virtual, foi interessante.
O desafio é o de todo programa que trata de sexo: escapar do tom cafajeste sem cair no excesso de pudor. Isso tudo com elegância e a alegria que o assunto já proporciona. É esperar para ver o que vem por aí.

Fonte: Patricia Kogut.
Foto: Patricia Kogut.

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