> Web Novela de MARCOS SILVÉRIO <
No capítulo anterior...
Motta propõe que Beija volte a ser sua amante
Ela fica irada e diz que isso jamais acontecerá
Pedro confessa ao pai que está apaixonado por Beija
D. João avisa que Pedro não poderá casar com sua amada
Pedro insiste e o pai diz que não permitirá tal união
Motta ameaça contar a Pedro que Beija é uma prostituta
CAP. 135
MOTTA: Que seria de você se a Corte inteira descobrisse que é uma prostituta?
BEIJA: Deixe-me entender bem. Você está me chantageando, é isso?
MOTTA: Sim, Beija, é exatamente isso. Ou você volta a se deitar comigo, ou revelo o seu grande segredo para a Corte inteira. Não tenho nada a perder mesmo...
BEIJA: Tem, Motta, tem sua família... Sua mulher, seus filhos...
O ouvidor caminha de um lado para outro da sala, impaciente, pensativo, até que desabafa.
MOTTA: Não me importa! Se não puder ter você, não me importa ter outras. Acha que ainda faço sexo com a minha mulher? Acha que aquele jaburu ainda me dá algum prazer? Só mantenho as aparências por causa dos filhos, por causa da política, mas no fundo estou farto disso! Passei a vida toda trabalhando feito um burro, mereço aproveitar. E aproveitar pra mim, é ter ao meu lado mulheres como você, Beija. Só que é única, não existe outra igual.
BEIJA: E gostaria de se deitar comigo mesmo sabendo que não sinto nada por você? Mesmo sabendo que tudo que sinto por você é ódio, desprezo?
MOTTA: No fundo sei que gosta de mim, do seu jeito, mas gosta. Não pode me odiar tanto assim. Eu criei Dona Beija. Fui eu que a transformei na mulher famosa e respeitada que você é hoje. Em algum cantinho desse coração deve ter um pouquinho de gratidão por isso...
BEIJA: Está falando sério quando ameaça contar tudo a Pedro?
MOTTA: Claro. Se não fosse sério não teria me abalado até aqui.
BEIJA (decidida): Está bem, Motta. Mas uma vez vai me aprisionar em suas mãos como se fosse um pássaro. Vou ceder aos seus caprichos e me tornar sua amante, porque não quero perder o Pedro. Gosto muito dele e, além disso, há outros interesses em jogo, você há de concordar comigo. Mas tenho condições.
MOTTA: Diga, imponha todas as que quiser...
BEIJA: Primeira: nenhum encontro acontecerá debaixo de meu teto. Segunda: eu determino dias e horários de acordo com a minha disponibilidade.
MOTTA: Sem problemas da minha parte. Condições aceitas.
BEIJA: Acho melhor ir agora. Sua presença nessa casa pode me causar aborrecimentos, como da última vez. Aguarde meu recado.
MOTTA: Está bem. Aguardarei ansioso. Até mais ver. (pega o chapéu, a bengala e sai)
Beija o acompanha até a porta. Logo que se vira, a escrava adentra a sala.
SEVERINA: Me desculpe, Sinhá, mas não pude deixar de ouvir a discussão com o Dr. Motta. A Sinhá vai mesmo voltar a ser amante dele?
BEIJA: E eu tenho alternativa, Severina? Mais uma vez estou na mão desse canalha! Se revelar toda a verdade a Pedro, estou perdida! Pedro não vai querer me ver mais nem pintada de ouro!
SEVERINA: Mas não é mais arriscado ainda a Sinhá se envolver com Dr. Motta?
BEIJA: Isso será apenas por um tempo, curto espaço de tempo, enquanto encontro uma maneira de me livrar desse canalha. Só que agora será de uma vez por todas!
Continua amanhã às 21:00 horas...
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